De volta à Old School de Mr. Boon
Me lembro bem de, em grande parte da minha infância, ter jogado Mortal Kombat 1, 2, 3 alugados em locadoras. A violência visceral nunca vista antes era o que chamava a minha atenção. As várias opções de golpes, especiais e Fatalities com personagens diferentes, definitivamente era o que fazia jus àquela atenção antes dada. E é isso que Mortal Kombat 9 faz: uma grande maximização do que era a utopia dos fãs deste game bruto e viciante que só pode ser descrita em uma só palavra: épico.
Tentativas de reavivar este estilo nostálgico de que todos se queixavam não ter continuidade foram poucas. Grande parte das novas versões do jogo surgiu com propostas inovadoras que não só desapontavam os fãs da série, mas também não eram atrativas ao novo gamer consumidor. Mas após um bom período decepcionando os acompanhantes da série Mortal com continuações medíocres, nenhum destaque, e minigames, no mínimo, ultrajantes aos fãs, podemos dizer que Mortal Kombat voltou às origens... Com estilo.
Raiden aparece em MK9 como uma metáfora real de salvador da pátria. Tanto dos fãs que, ao longo do tempo foram se decepcionando com a mudança drástica do rumo da história, como dos próprios produtores que foram os responsáveis por tal feito. Aqui, Raiden volta no tempo, mudando a realidade (em que todos estariam mortos e Shao Khan seria soberano) e cria uma realidade alternativa. Chega de enrolação, vamos ao jogo:
Carisma Visceral
Já não é de hoje que o carisma dos personagens de Mortal Kombat conta pontos importantíssimos para o sucesso do game. Ultimate MK3 que o diga. Não só foi feito um redesign no figurino de todos eles com o auxílio da tecnologia Unreal , como os moves continuam sendo os mesmos, e as vozes também (mesmo pecando em algumas exceções). Ed Boon e sua equipe mostram o quanto o game foi feito com carinho ao manter os golpes “especiais” que fazem parte da personalidade dos personagens (como Cyrax e sua teia verde, Scorpion e sua corrente, etc) e apenas acrescentar novos tipos de golpes.
A entrada de um penetra...
Kratos foi posto tal qual um garoto propaganda para os novos gamers que ainda não conheciam a série, ou não acompanharam sua fase de ovos de ouro. Até aí não há problema algum, desde que a proposta inicial do game tenha sido naturalmente essa, e não foi isso que ocorreu. A partir do momento que o game surge com uma proposta de reavivar o espírito dos antigos admiradores da série, a implementação de um personagem que naquela época sequer existia é totalmente supérflua. Mantendo a justiça: God of War é um de meus games favoritos, e Kratos exala um carisma anti-heroico admirável... Conquanto que esteja no Olimpo.
Lute até morrer (Os game modes)
Já no menu inicial temos a opção clássica Fight (onde você pode jogar escolhendo seu lutador e o adversário, ou os modos Test your Might, Luck, Sight e Strike) . O modo de jogo Story ressalta bem o que foi dito anteriormente sobre o carisma dos personagens, uma vez que escolhido o seu lutador e tendo derrotado todos os adversários, há uma apresentação estilo MK4 da história pós game do personagem. O modo Training é excelente e difere da maioria dos games, recheado de tutoriais do início ao fim (desde dar um passo a frente até o Fatality mais brutal).
O Challenge Tower, é o mais divertido de todos os modos. Talvez por sua variedade de lutas, situações bizarras e desafios tangentes ao game, poderíamos chamá-lo de Arcade Mode. O amplexo de variedades é agradável, além de lutar pelo direito de odiar ursinhos de pelúcia, você também pode atirar contra zumbis (em alguns casos há um delay muito chato) e acertar bolas explosivas em um balde, freak o bastante para ser legal, não?
Nostalgia Renovada (O gameplay)
As novidades in-game aparentam ter sido meticulosamente elaboradas e desenvolvidas. A começar pela barra inferior, que é dividida em três pontos. O preenchimento dos mesmos é feito a partir de combos e golpes desferidos pelo lutador. O primeiro ponto já vem preenchido, e serve para a quebra de combos do adversário. O segundo pode ser considerado um boost (um exemplo disso é o do Nightwolf que, ao invés de disparar uma flecha com o especial, dispara três). E por fim o terceiro que ao ser preenchido e executado, desfere o ataque Raio-X no adversário.
O Raio-X, ideia inovadora e genial de Ed Boon, é uma das novidades mais destacáveis em MK9. O detalhismo e a quebra de sons ao executar o golpe cabem perfeitamente na mecânica do jogo. E assim como os fatalities, varia entre os personagens.
Por fim e não menos importante: os Fatalities. Se você acha que as outras versões de Mortal Kombat foram brutas ou trashs, ainda não viu o que MK9 propõe. São diversos (e pasmem: criativos) os modos de Fatalities apresentados no jogo, dos quais não citarei nenhum, pois grande parte da graça da luta está neles. A interação com alguns cenários (como o do metrô e o da piscina de ácido) também faz com que você se sinta dentro do game. Aliás, vale também um destaque aos cenários que, além de reavivar alguns antigos, apresentam boas e detalhadas novidades.
Finish Him! (Considerações finais)
Portanto, com uma mistura de ideias inovadoras, nostalgia e uma proposta de agradar tanto os gamers antigos como os novos, vemos que a série Mortal Kombat surge das cinzas do descaso e volta com força ao mercado dos games. "Toasty"!